Confira as imagens da minha consagração na Casa de Jurema Mestre Carlos - Extremoz, RN.
quinta-feira, 7 de julho de 2016
DE VOLTA AO BLOG
Estamos de volta com as notícias, fatos e acontecimentos do segmento espiritualista.
quinta-feira, 18 de outubro de 2012
FESTA DA LINHA DO MARANHÃO DA CASA DE UMBANDA PAI JOSÉ DE ARUANDA
Uma festa tradicional na cidade de Areia Branca, realizada pela Casa de Umbanda Pai José de Aruanda, a FESTA DA LINHA DO MARANHÃO. Todos os anos é comemorada com grande louvor as entidades pertencentes a essa linha. A Casa Pai José de Aruanda que começou esse culto específico reúne seus filhos para louvar a essas entidades que trazem muita alegria e boas vibrações para os filhos da casa e seus visitantes.
Confira algumas imagens
Créditos Fotos: Minha Umbanda
quinta-feira, 13 de setembro de 2012
Jaime Sodré
Dona Liú, filha de Oiá, se retou: “Oxente, yayá, me deixe, acarajé de Jesus? Acará é de Yansã, Jesus é hóstia consagrada, não é?”. Volto à gastronomia por motivo justo, sobre o Processo nº 01450.008675/2004-01 do Registro do Ofício das Baianas de Acarajé. O conselheiro Roque Laraia apresentara o seu parecer sob as vistas do ministro de Estado da Cultura de então, Gilberto Gil, acompanhado de Juca Ferreira. O pedido de registro do acarajé como bem cultural, imaterial, fora proposto por Gil em 5 de novembro de 2002, além da Associação de Baianas de Acarajé e Mingau do Estado da Bahia (Abam), do Terreiro Axé Opô Afonjá e o Ceao.
A Sra. Claudia Ferreira encaminhou à Dra. Márcia Sant’Anna o texto de instrução apropriado para o Registro do Ofício da Baiana do Acarajé no Livro dos Saberes.
Ficou acordado ser o acarajé parte de um conjunto significativo e amplo, mas que não poderia ser desconsiderada a sua origem sagrada, bem como os “elementos associados à venda”, a indumentária de baiana, a preparação do tabuleiro, a natureza informal do comércio, além de esta atividade representar uma conquista da comunidade afrodescendente. As baianas são agentes sociais que articulam e representam campos vinculados ao sagrado.
Argumentava Laraia que esta atividade estaria sendo ameaçada pela venda desta iguaria sagrada no comércio informal, bares e supermercados, assim “como pela apropriação por outros universos culturais, na versão conhecida como ‘acarajé de Jesus’, vendido por adeptos de religiões evangélicas”. Afirmara em seu relatório ser o acarajé um alimento do ritual consagrado a Xangô e a sua mulher Oiá-Yansã, sendo que a sua comercialização iniciou-se ainda no período da escravidão pelas “negras de ganho”, tornando-se atual fonte de renda das pessoas vinculadas ao candomblé.
O tabuleiro, “suporte-vitrine”, faz parte do conjunto culinário, nele encontramos abará, lelê, cocada branca e preta, pé de moleque, passarinha, vatapá, camarão, bolinho de estudante (punheta), etc. Um convite ao prazer. O parecer conclui pela recomendação do Registro do Ofício das Baianas do Acarajé e a sua inscrição no Livro dos Saberes e o reconhecimento como Patrimônio Cultural do Brasil.
Mas não é fácil a luta das baianas, como nos informa Rita Santos, presidente da Abam. Para ela, existe o risco de o acarajé perder a sua identidade. Igual opinião é a de Gerlaine Martini, do Departamento de Antropologia da UnB: “O acarajé passou a ser vendido como mero produto turístico, era uma atividade tradicional e religiosa das baianas, muitas delas hoje convertidas à religião evangélica”. Informa ainda que estas decidem retirar todos os signos que as liguem à religião africana, como a indumentária e as contas. Segunda ela, “desfiguram o ofício ao querer que o acarajé seja visto não como uma oferenda, mas apenas como uma refeição”.
A ameaça à preservação da cultura das baianas foi tema de uma audiência pública promovida pela Comissão de Promoção da Igualdade da Assembleia, onde Rita Santos argumentava que “além do desrespeito em relação ao Decreto Municipal 12.175/1998, que exige a padronização da indumentária e do tabuleiro, ela assistia a uma descaracterização no aspecto religioso e cultural”, e lembrava que “não se tem como separar o acarajé do candomblé”, para outros “tratava-se de mais uma ação de intolerância religiosa”. Informa-nos Donaldson Gomes que o fabricante de um refrigerante famoso estaria investindo R$ 500 mil para preservar a tradição que envolve o acarajé, junto à Abam, embora a entidade necessite de outros colaboradores para outras demandas.
Não conheço o projeto da Arena Fonte Nova, dizem ser belíssimo, sabemos da liberação da bebida nos estádios, mas por certo os seus arquitetos deverão ter projetado um local privilegiado para o símbolo mais famoso da culinária baiana, o acarajé, e as autênticas baianas. Já a Dra. Gerlaine Martini, esperançosa, afirma confiar no gosto do baiano (e dos turistas), para valorizar o acarajé autêntico. O meu com pouca pimenta.
Jaime Sodré é professor universitário e religioso do candomblé
terça-feira, 11 de setembro de 2012
não somos judaico-cristãos, somos candomblecistas, umbandistas...
No dia 1° de setembro lideranças de comunidades de terreiros de Candomblé estiveram reunidas para mais um encontro de avaliação e encaminhamentos de ações. O destaque do encontro foi a carta de questões e compromissos de ação apresentadas aos candidatos a prefeito de Salvador. Veja alguns trechos da referida carta:
Atualmente, as religiões de matriz africana veem sofrendo ataques de todo o tipo. Nossa liberdade religiosa, garantida pela Carta Magna do país está sendo desrespeitada. Sobre essa colocação a pergunta mais simples seria: O que a Prefeitura de Salvador tem com isso?
A resposta é simples: não faz muito tempo que a Prefeitura Municipal de Salvador demoliu um terreiro de candomblé, o Oiá Onipó Neto. Em razão dessa prática do Governo Municipal, a grita do povo se fez ouvir e o Ministério Público interferiu. A prefeitura voltou atrás, reconstruiu o templo, mas para o que havia de sagrado no local, e que foi violado pela prefeitura Municipal de Salvador, não há reparação.
O exemplo foi dado. Quem tinha que proteger destruiu. Isso, capitaneado, nesse caso específico, pela intolerância religiosa institucional bancada com o nosso próprio dinheiro, pois pessoas desqualificadas ocuparam cargos de relevância nas esferas do poder municipal crendo, de forma literal, estarem a serviço de deus e não da sociedade que paga o seu salário.
A intolerância cresceu e leva pessoas fanáticas a passarem a nos agredir publicamente. As invasões a terreiros tornaram-se uma prática cotidiana. Apedrejamento a templos e agressões ao povo de candomblé tornou-se uma diversão.
Dizemo-nos cidadãos do século XXI e, nessa condição, sabemos que o Estado Brasileiro é laico. No entanto, lidamos com pessoas, em cargos municipais, que estão equidistantes dos valores que norteiam a democracia e desconhecem a própria religião que pregam, pois nos acusam de cultuar o “demônio” ou o “diabo” que são figuras que fazem parte de suas religiões e não da nossa – não somos judaico-cristãos, somos candomblecistas, umbandistas... Cultuamos nossos orixás, voduns, inquices e caboclos que no nosso entendimento são mensageiros de Deus.
Respeitar todas as práticas religiosas e todas as crenças é nosso lema. Acolhemos todos, independente do credo. Ser evangélico, ateu, espírita, católico ou maçom é um direito inviolável de cada um, bem como o de ter opinião diversa e fazer parte de uma agremiação partidária. Temos que conviver com o outro independente de sua orientação sexual ou da cor da sua pele. É isso que nos certifica como exercício da cidadania, e confere a um cidadão a possibilidade de representar o outro: numa prefeitura, numa Câmara Municipal, no Parlamento Estadual e Federal, no Senado.
quinta-feira, 21 de junho de 2012
Balaio de Ideias: 6+12=5
Para quem tem como prática religiosa o culto aos orixás, o dia 6 do mês 6 foi, e continuará sendo, de extrema importância. Afinal, no profundo sistema numérico do jogo de búzios, o número 6 foi o responsável por trazer a prosperidade para a Terra. Para o povo africano, de quem herdamos uma boa parcela de nossa filosofia de vida, ser próspero é uma obrigação. Por isso, nessa data, o “povo de santo” fica todo ouriçado: põe suas melhores joias, sai para fazer compras e faz oferendas. Tudo para atrair prosperidade. O alcance dessa graça é um dos maiores desejos do ser humano. Mas quem é essa tão desejada prosperidade?…
Diferente do que normalmente se costuma pensar, a filosofia yorubá não relaciona prosperidade, apenas, a dinheiro. A referida palavra quer indicar uma reunião de circunstâncias que precisam ser buscadas, para que se vá alcançando, continuamente, um estado mais elevado do ser, em seus diferentes aspectos: físico, emocional, social, espiritual e, é claro, financeiro. Até mesmo porque de nada adianta se ter muito dinheiro sem a tranquilidade necessária para saber usá-lo com sabedoria.
Quando elevamos nossos pensamentos aos orixás, dizemos: Olu wá mi, fún mi ni ekun fún mi ni owo = Venha meu senhor e me traga força pura para que eu possa ter dinheiro. Força pura é o axé que permite que os obstáculos sejam vencidos. É um grande risco, então, pedir dinheiro aos deuses, sem que se tenha antes pedido e alcançado o axé necessário para que ele seja um aliado e não um inimigo. Dinheiro, sexo e poder são como “faca de dois gumes”: tanto podem levar à ascensão como ao fracasso.
Este artigo é fruto da vivência que tive com dois filhos meus. Um pela empolgação e outro pela curiosidade demonstraram interesse de conhecer mais profundamente, e de acordo com a tradição que os guia, um tema a que outras tradições também se dedicam com afinco – a prosperidade, que na cultura yorubá é simbolizada pelo número seis. É através da leitura dos números que esse povo e seus descendentes encontram soluções para as dificuldades diárias. Os números falam e os mitos nos ajudam a entender o que eles dizem. Sem o conhecimento das histórias míticas nunca entenderíamos o porquê de ser dito: 6 + 12 = 5:
O número 6 e o número 12 surgiram de um bloco de ouro. Eles se apaixonaram, perdidamente. Dessa união nasceu Ajé – orixá símbolo da riqueza –, irmã de Oxum – a dona da pérola e de outras pedras preciosas, orixá que tem no número 5 uma de suas formas de se comunicar. Do número seis, portanto, nasceram a riqueza e o costume de usar joias; mas também com ele vieram a vaidade e o orgulho, que podem levar à destruição de tudo que se conquistou. Esse número lembra-nos que o destino das criaturas é a prosperidade e que a humildade é uma das condições fundamentais para a aquisição desta graça.
O número 6 nos conta, através de um de seus mitos:
Todos os anos, Olorum fazia uma festa e convidava os números 1 a 16, a fim de que eles prestassem conta de seus atos na Terra. Encerrada a reunião, todos eram presenteados de acordo com o valor de seus méritos. Naquele ano, porém, a Divindade Suprema resolveu que daria um presente igual para todos. O número 6 era muito pobre e por isto seus irmãos foram até sua casa, antes da festa, para almoçar. A real intenção era humilhar o dono da casa, que mal tinha como alimentar sua própria família. Seis deu tudo que tinha guardado para a alimentação do mês. Nem assim deixou de sofrer gozação. Já cansado de tanta humilhação, ele desistiu de ir à tal reunião. Olorum sentiu sua falta, mas nada comentou. No final da festa, os números, de 1 a 16 (menos 6), receberam uma abóbora. Todos ficaram revoltados com um presente tão simples e despejaram todas as abóboras na casa de 6. Eles só não sabiam que os frutos estavam recheados com ouro e joias. No ano seguinte, todos se surpreenderam ao ver que o mais pobre dos irmãos era agora muito rico. Olorum, então, disse-lhes: Vocês todos têm riqueza, mas 6 tem prosperidade.
Maria Stella de Azevedo Santos é Iyalorixá do Ilê Axé Opô Afonjá. A cada 15 dias seus artigos são publicados no jornal A TARDE, sempre às quartas-feiras.
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